tag:blogger.com,1999:blog-69469249161722651952024-03-05T12:21:23.588-08:00Marechal na reservaum blog de Tito CoutoUnknownnoreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-45828375496119913452011-08-30T15:18:00.000-07:002011-08-30T15:21:55.268-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKypOLaCKcpwO3J7pDmACVcKpiR48MD3BUv58mCTj3qIhUbyWiQzPHrrtzfeM4O8eRTP53H7TFu4Y42hPwaXosXT0hyphenhyphenqjgrGN4J8l15dGcicFg-XfwvCTI7Vts2l6sl16gGO2DuJsJfo/s1600/A_Delicadeza.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKypOLaCKcpwO3J7pDmACVcKpiR48MD3BUv58mCTj3qIhUbyWiQzPHrrtzfeM4O8eRTP53H7TFu4Y42hPwaXosXT0hyphenhyphenqjgrGN4J8l15dGcicFg-XfwvCTI7Vts2l6sl16gGO2DuJsJfo/s320/A_Delicadeza.jpg" width="209" /></a></div><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">A Delicadeza</span></div><div></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">David Foenkinos</span></div><div style="text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Presença</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">David Foenkinos é francês, nasceu na década de 70 do século passado e, até agora, era um desconhecido em Portugal. A publicação de “A Delicadeza” apresenta-nos um autor multifacetado, culto e com talento suficiente para ser nomeado para todos os grandes prémios literários franceses.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Foenkinos gosta de experimentar vários registos de escrita, seja através do Teatro ou da Banda-Desenhada. “A Delicadeza” mostra toda a plasticidade literária do autor e a sua capacidade de nos colocar cara a cara com as interferências da vida, os registos banais que moldam a singularidade da nossa existência.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Diz o dicionário que Delicadeza é: “Qualidade do que é delicado; Fragilidade; Suavidade; Cortesia amável; Cuidado; Debilidade; Elegância;<span style="color: #999999;"> </span><span class="aao">Susceptibilidade; </span>Escrupulosidade; Apuro, perfeição”.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Sendo um músico de jazz por formação, Foenkinos compõem este romance como uma sucessão de variações sobre um tema. Partindo de todas as cambiantes da palavra, o autor desenha duas histórias de amor. A primeira história é construída por François e Nathalie, um casal que se ama perdidamente. Este amor delicado, porque elegante e perfeito, morre num acidente de viação que ceifa a vida a François.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Nathalie é instada a refazer a sua vida fazendo o luto concentrando-se no trabalho. Até um dia. Até ao dia em que, sabe lá ela porquê, decide beijar Markus, um colega de trabalho sueco.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Malcom Gladwell, mundialmente conhecido pelo best-seller “Bink”, garante que muitas das melhores e mais acertadas decisões e opiniões são provocadas pela primeira impressão e tomadas num piscar de olhos. Será que o nosso cérebro decide quem vamos amar sem sequer nos avisar?</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Nathalie não deve ter lido o “Blink”, mas esse acto irreflectido vai abrir-lhe as portas para um sem número de diferentes delicadezas da vida.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Desengane-se quem pense que esta é uma história frágil, uma porcelana chinesa capaz de estilhaçar entre dois dedos. </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Este é um romance sofrido. De um sofrimento contido e muitas vezes tenso. Um romance que prova que as grandes histórias de amores podem nascer longe de todos os clichés e lugares-comuns.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-39793952802183653092011-06-08T10:21:00.000-07:002011-06-08T10:23:42.718-07:00Há moscas na ilha da fantasia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW0pbwXauv86smfNtcs5nEpjEvjw3rhZIh8OlV8cnfYcqbbBspNSAfXLoqajqEL8Q4og4CMgindoj-ttoo2hshSDzoOrWLlSjcp986iK8vTS7ptatfLi3dNv35hwLYJ6ts8kyKIs8Z8EY/s1600/frentek_alcapao_2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW0pbwXauv86smfNtcs5nEpjEvjw3rhZIh8OlV8cnfYcqbbBspNSAfXLoqajqEL8Q4og4CMgindoj-ttoo2hshSDzoOrWLlSjcp986iK8vTS7ptatfLi3dNv35hwLYJ6ts8kyKIs8Z8EY/s320/frentek_alcapao_2.jpg" width="204" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Alçapão</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">João Leal</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Quetzal</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: left;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">“Alçapão” é a feliz estreia literária de João Leal. Trata-se de um romance de mistério que parte de um jovem criado num lar para crianças desfavorecidas, onde prevalecia a violência entre pares, para uma viagem a uma ilha fantástica.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">À semelhança do que acontece no “Senhor das Moscas”, do nobelizado William Golding, aqui também temos bem presente a violência extrema entre crianças forçadas a organizar-se sem controlo parental ou institucional.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Os padres, que surgem sempre como entidades ausentes e preocupadas somente com aspectos burocráticos, deixam que os jovens se estratifiquem e imponham um código penal muito violento.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">Rodrigo, depois da morte dos pais, é forçado a crescer nesse ambiente até ao dia em que é salvo por um padre que troca a sotaina pelo jazz.</span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">O seu amigo Jorge é salvo pela arte e pela necessidade de refazer a sua história familiar. Estes dois homens vão embarcar numa viagem que os vai levar muito mais longe do que alguma vez imaginaram. </span></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">João Leal cruza, neste romance, a realidade mais crua com um intenso universo fantástico. Um livro a descobrir, num género particular e que conta, em Portugal, com poucos e bons cultores como se adivinha que João Leal possa vir a ser.</span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: left;"><br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-42739887103706458872011-04-06T07:10:00.000-07:002011-04-06T07:11:58.501-07:00Um silêncio herético<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqsL2A8kRFqFoqnh2TAwDgj8Gfybv6UrQooG8cQ-OcC8U4gCyxDJvatAiPSOaWZ_GGMY9F57QTm8a2o75j__jNDBEVnLfNkOxJf7sYndmyZ03hKy74IKuBMkJ4UI17jzwO4jxGDXCOERs/s1600/mentira+sagrada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqsL2A8kRFqFoqnh2TAwDgj8Gfybv6UrQooG8cQ-OcC8U4gCyxDJvatAiPSOaWZ_GGMY9F57QTm8a2o75j__jNDBEVnLfNkOxJf7sYndmyZ03hKy74IKuBMkJ4UI17jzwO4jxGDXCOERs/s1600/mentira+sagrada.jpg" /></a></div><div style="margin-bottom: 0cm;"> </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">A Mentira Sagrada</div><div></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Luis Miguel Rocha</div><div style="text-align: center;"></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Porto Editora</div><div style="text-align: center;"></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Luis Miguel Rocha é dos autores portugueses que mais vende em todo o mundo e é o únco a ter estado no top dos mais vendidos do New York Times.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">“O Último Papa” e “A Bala Santa” levaram este jovem escritor de Viana do Castelo, e agora radicado no Porto, a assinar um contrato milionário com a editora Putnam, a versão americana da inglesa Penguin Books. O contrato prevê o lançamento de três thrillers religiosos, um por ano. O primeiro já foi lançadoe chama-se “A Mentira Sagrada”.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Se no “O Último Papa” acompanhamos o curto papdo, 33 dias, de João Paulo I, e no “Bala Santa” seguimos de perto a trama por tràs do atentado a João Paulo II, em 1981, agora é a vez de seguirmos uma trama repleta de homicídios no início do pontificado de Bento XVI.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Mudam-se os papas e as polémicas mas mantém-se um elemento comum: Sarah Monteiro. Esta jornalista portuguesa que trabalha para o The Times volta a ser arrastada para uma investigação muito perigosa sobre a possibilidade de Jesus Cristo nunca ter sido crucificado. Aliás este romance coloca em causa muitas das coisas que temos por certas. Será que a maior parte dos protagonistas da Bíblia existiram? Jesus nasceu mesmo em Belém? Um documento encontrado em Qumran pode ajudar a tirar muitas dúvidas e muitas vidas. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Acompanhada pelo padre/detective Rafael Santini, Sarah vai desmontar mais uma trama complexa que envolve os braços mais negros e desconhecidos da igreja católica.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Luis Miguel Rocha é muitas vezes comparado a Dan Brown. Se isso significa bons thrillers e tramas envolventes, então creio que o autor português não terá pelo que se aborrecer com a comparação.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Este é um belíssimo livro cheio de informação sobre os bastidores da Santa Sé, crimes, conspirações e suspense. Incompreensível continua a ser o muro de silêncio que levou a que este autor seja mais conhecido no estrageiro que no seu país.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Este romance tem tudo para ser um best-seller e a Porto Editora fez uma aposta que só pode ser ganhadora. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-33429353410038815082011-03-16T09:51:00.000-07:002011-03-16T09:51:57.696-07:00"Há quem use a dor das vítimas para justificar perseguições"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd-mBe4hhAnsKxoEMFHxeZAQbIwjCentadlKK8mUHsKKcaXxSzjXSUx2vVlIMOachD-6pX9wZa6zeSv15ODhfQsuwE8ssAxioYdLW0ezlavX783NHsCPqziGjde0aNmmVuDLXnMC3-YF8/s1600/Fajardo_JoseManuel-4037.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjd-mBe4hhAnsKxoEMFHxeZAQbIwjCentadlKK8mUHsKKcaXxSzjXSUx2vVlIMOachD-6pX9wZa6zeSv15ODhfQsuwE8ssAxioYdLW0ezlavX783NHsCPqziGjde0aNmmVuDLXnMC3-YF8/s320/Fajardo_JoseManuel-4037.jpg" width="213" /></a></div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;">José Manuel Fajardo nasceu em Madrid, já viveu em Paris e reside hoje em Lisboa. Bem que se podia fazer a analogia do judeu erante, mas isso seria demasiado óbvio ara um escritor que tem tratado a questão da perseguição dos judeus na Península Ibérica e que conhece o seu derradeiro capítulo neste recente romance “O meu nome é Jamaica”. Um especialista na história da comunidade judaica espanhola aparentemente enlouquece, arrastando consigo uma amiga para uma verdadeira aventura que os levará ao Peru e à análise da revolta dos Incas contra o colonizadores. Parece confuso? Mas não é, trata-se de um exercício literário que cruza o romance histórico com o romance contemporâneo, dedicando-se a analisar a instrumentalização das vítimas e a reorganização dos sentimentos e da vida. Ao Fórum, o autor falou de algumas das questões que o apoquentam, como esse binómio carcereiro e prisoneiro que odos os seres humanos encerram. </div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Como é que lhe surgiu esta ideia de escrever sobre o património dos judeus espanhóis convertidos à Igreja Católica?</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;">Este livro faz parte de todo o meu trabalho como escritor ao longo de 20 anos. O tema dos judeus espanhóis convertidos ao catolicismo, que ficaram em Espanha, é um tema que me interessa muito e que faz parte de um passado de Espanha que foi deixado de lado pela versão oficial da identidade espanhola, que começou a seguir à Inquisição e chegou até Franco. Essa ideia passava por uma identidade unicamente católica. A realidade histórica é muito diferente. A Espanha, por sete séculos, foi um espaço onde judeus, católicos e muçulmanos, viveram juntos. Depois tudo isto foi destruído com a conquista do reino de Granada e a imposição desta versão da história unidimensional. Eu tentei recuperar estas raízes esquecidas, através de alguns romances.</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>E este “O meu nome é Jamaica” é um romance que desempenha um papel importante na sua obra.</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;">Este romance é uma espécie de conclusão desse trabalho de 20 anos. Eu escrevi romances históricos no século XV e XVI, com a descoberta e fixação dos espanhóis no Novo Mundo. Escrevi sobre o século XVII e a pirataria e a expulsão dos muçulmanos de Espanha. Tenho também romances mais contemporâneos sobre a ETA e o país Basco ou como no “Água na Boca” que era sobre um romance numa cidade de Paris multi-étnica. Este novo romance cruza os dois universos, o romance histórico e os temas da actualidade como os limites da felicidade.</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Com este romance quis reconciliar estes dois caminhos de escrita, coma ideia de que todos nós somos seres históricos. A História é o fio do tempo que nos conduz até hoje</div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Neste momento, em que há um certo clima de anti-semitismo, é curioso que se escrevam tantos romances sobre o universo judaico. Só sobre a Grácia Nasi escreveram-se várias biografias. Sente que isso é uma espécie de resposta?</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;">Eu não sinto o meu livro como uma defesa de qualquer ataque ao povo judeu. O que há é muitas críticas ao Estado de Israel. O Estado de Israel é um Estado de Direito como qualquer outro e que pode ser criticado. Outra coisa é o poder instalado em Israel utilizar a história do povo judeu para não ser criticado. Mas isso já é uma manipulação muito triste de um passado trágico. Não acho que o anti-semitismo seja maior agora que no passado. Acho que a comunidade judia é mais respeitada hoje.</div><div style="margin-bottom: 0cm;">O meu livro é mais sobre as lições que podemos tirar da história do povo judeu. A perseguição dos judeus faz parte da história mais obscura da história da humanidade. É uma sucessão de perseguições àqueles que são diferentes. Este é um exemplo terrível de intolerância e é o núcleo da construção da história europeia, começando na Inquisição – que foi a primeira grande máquina de perseguição da modernidade – e chega até hoje com as polémicas em torno da constituição do Estado de Israel. Não nos podemos esquecer que os europeus, depois da perseguição que fizeram aos judeus na II Grande Guerra resolveram criar um Estado de Israel, não na Europa, mas no Médio Oriente. Os judeus nunca tiveram problemas com o Médio oriente até ao momento em que os Europeus decidiram criar Israel. </div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>E nesse momento acaba por acontecer uma inversão, o perseguido passa a perseguidor?</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;">Para mim é muito interessante olhar para este fenómeno e tentar perceber como se chegou a este ponto, ao ponto de termos a população palestiniana a viver em regime de perfeito “apartheid”.</div><div style="margin-bottom: 0cm;">É interessante perceber que o mesmo povo que foi perseguido ao longo da história, assim que teve a sua própria estrutura de Estado conseguiu desenvolver, também ele, políticas de perseguição contra os outros.</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Este é um tema que é importante discutir e pensar. È preciso trazer a questão das vítimas para cima da mesa, assim como a função social das vítimas assim como a manipulação da dor das vítimas para justificar novas injustiças. Todo este tema é muito delicado e difícil de tratar. Eu procurei um caminho um pouco estranho, o caminho da literatura, para falar de todos estes fenómenos de uma forma irónica. Assim talvez consiga responder às minhas inquietações mas sem fazer um livro político ou de tese. É um livro que tenta responder a perguntas, que tenta reflectir sobre este universo de perseguições e vítimas.</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-22250285204925639512010-10-14T04:14:00.000-07:002010-10-14T04:14:40.289-07:00A inominável falta de vergonha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeBj5JFG1_rEPel7VhLlUDJ3QInairIUn77kX6zenaxFU035bOyLKH6N05EVEgm9qsbo3rUKntBkUWmbqf5JXORl76B1sJzhI52XDxr-i1ljHhlUa3QHMWJkFNtYBjdol9g8QS81VGMik/s1600/shame.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="187" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeBj5JFG1_rEPel7VhLlUDJ3QInairIUn77kX6zenaxFU035bOyLKH6N05EVEgm9qsbo3rUKntBkUWmbqf5JXORl76B1sJzhI52XDxr-i1ljHhlUa3QHMWJkFNtYBjdol9g8QS81VGMik/s320/shame.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span style="font-size: small;">A notícia do possível afastamento da seleção da Sérvia das competições da UEFA, por atos selvajens dos seus adeptos, vem de encontro a uma nota que coloquei no meu editorial desta semana.</span><br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-size: small;">"Em 1998, um jogo de futebol em Lordelo terminou com um juíz de linha agredido com um bloco de cimento. Cinco anos de coma depois, o árbitro morreu. 12 anos volvidos, o Supremo decidiu que o clube Aliados de Lordelo tem de pagar 41 mil euros à família da vítima. O clube não tem dinheiro. A junta não paga. A câmara não paga. Resta desejar o encerramento, arresto e venda dos bens em hasta pública rapidamente, para pagar a indemnização à família. </span></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><span style="font-size: small;">É a única coisa decente a fazer perante a ignomínia que é nunca ninguém ter sido capaz de identificar o responsável por este crime bárbaro. Adeptos assim não merecem ter um clube."</span></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"> </div><br />
<span style="font-size: small;">Por falta de espaço acabei por não falar nas declarações do autarca da freguesia que, com a maior desfaçatez, garantiu que o árbitro não esteve em coma, que morreu com SIDA e que a família já teria recebido muito dinheiro à conta desta história. Bem vistas as coisas, estas declarações não me devem merecer mais comentários. Está tudo dito.</span><br />
<br />
<span style="font-size: x-small;">(A imagem é do fenómeno hooligan na Inglaterra dos anos 70)</span> Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-22379072639894744822010-10-13T11:53:00.000-07:002010-10-13T11:55:36.653-07:00O amor continua fodido<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu_CqChDUPUOfI8H9KhfiXPI5qWjHS64JKtvPGPHZcWOiLTGnuITjcO-SGhJSoS8ObsZUi7NPY69T3xuM9jFKQWRZ8ruREL2tzyWqIjDCg5H_CVnA4-tnNnGzay-ohEn8v6gjT1Ebxar8/s1600/livro2.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgu_CqChDUPUOfI8H9KhfiXPI5qWjHS64JKtvPGPHZcWOiLTGnuITjcO-SGhJSoS8ObsZUi7NPY69T3xuM9jFKQWRZ8ruREL2tzyWqIjDCg5H_CVnA4-tnNnGzay-ohEn8v6gjT1Ebxar8/s320/livro2.jpeg" width="207" /></a></div><div style="text-align: center;">Para Interromper o Amor</div><div style="text-align: center;">Mónica Marques </div><div style="text-align: center;">Quetzal</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">As relações há muito que evoluem. Tempos houve em que a idade era uma questão, ou porque ela era mais velha, ou porque eram muitos os anos a separar os amantes. Também houve tempos em que o dinheiro determinava o sucesso do amor. Já foi a cor da pele também ela um empecilho. Hoje é menos. O género também tem vindo a deixar de ser uma questão, corroendo lentamente os “cascas grossas” que resistem.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Mónica Marques, neste seu “Para Interromper o Amor”, dá um valente pontapé nesta última barreira. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Numa Rolim regressa a Portugal depois de longo tempo no Brasil. Reencontra um casal amigo. Flirta com ele. Flirta com ela. Faz sexo e terapia com os dois. Cada um na sua vez. Passeia por Lisboa. Recorda a juventude nas festas do Avante. Amadurece á nossa frente. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Poderá o ser humano vir a amar independentemente do género do amado? Hoje um amado, amanhã uma amada. Não contente com isso a autora baralha alguns dos mais antigos conceitos da geografia literára. Neste segundo romance, assistimos à torção e contorção de um triângulo amoroso até ele virar uma elipse, na forma e no que esconde ao revelar-se.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Diz a gramática que uma elipse é a omissão de uma ou outra palavra sem que com isso se prejudique o entendimento da frase. Este romance é elíptico, já que faz um jogo de omissões sem que se perca a meada á narrativa. Omite uma história, omite a sua profundidade biográfica, omite todos aqueles países que fazem fronteira com o Bairro Alto.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Mas é nestas omissões que a força da autora emerge. Mónica Marques é uma vítima de Miguel Esteves Cardoso, de Rubem Fonseca e Nelson Rodrigues – ainda que nenhum apareça no livro, ao contrário de José Rodrigues Miguéis ou Pedro Mexia – homens que sempre souberam que o amor é fodido.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Mónica aceita essa condição inelutável do amor e entrega-se a ele através dos seus personagens. É um facto que este romance parece coisa de gajas. Também é um facto que a maior parte dos homens jamais o compreenderão, ainda assim não deixa de ser de leitura obrigatória. Tal como um bom whisky, cada capítulo provoca, no seu final, uma certa sensação de calor enquanto a língua sobe ao céu da boca, estala, e se solta um “aaahhhh”. </span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-47470206794046783122010-10-12T02:22:00.000-07:002010-10-12T02:23:23.557-07:00Como diz?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY2uJga98UcPxfiVpT9VBZLAgs0g6GxSTc5X3mhbLNp_pcFOdYUlSjxWJ4qfql0sbEvX5zC1wmvbiBRVfW7C-ke7-hZHSV1J7FMrc56uWSlO6LBWD0fU7Wv-lk8c68M_FXMkmgrSvJY58/s1600/china.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY2uJga98UcPxfiVpT9VBZLAgs0g6GxSTc5X3mhbLNp_pcFOdYUlSjxWJ4qfql0sbEvX5zC1wmvbiBRVfW7C-ke7-hZHSV1J7FMrc56uWSlO6LBWD0fU7Wv-lk8c68M_FXMkmgrSvJY58/s320/china.jpg" width="320" /></a></div><span style="font-size: small;">Nas cerimónias do 5 de Outubro ouvi o PCP a dizer o seguinte "<a href="http://pcplordelo.blogspot.com/2010/10/reflexao-sobre-revolucao-republicana-de.html">a vitória da Revolução Republicana de 1910 pôs fim a um regime monárquico anacrónico e parasitário e realizou importantes progressos no plano das liberdades e direitos fundamentais (...) as degradantes condições de vida do povo – salários baixos, longas jornadas de trabalho, ausência de políticas sociais – faziam realçar a decadência e o parasitismo do regime monárquico e a exigência do seu derrube</a>".</span><br />
<span style="font-size: small;">Por momentos cheguei a pensar que estes pressupostos se aplicassem a tudo, mas pelos vistos não. Um comunicado do PCP, sobre a atribuição do Prémio Nobel da Paz a um chinês que luta pelos direitos humanos, liberdade de expressão e eleições democráticas, veio colocar tudo no seu devido lugar. Os valores chegam à China e contornam a fronteira, aliás como já acontecia nessa fenomenal democracia que é a Coreia do Norte.</span><br />
<span style="font-size: small;">A ler:</span><br />
<span style="font-size: small;">"<a href="http://www.pcp.pt/sobre-atribui%C3%A7%C3%A3o-do-pr%C3%A9mio-nobel-da-paz">A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo – inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China - é, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos</a>".</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-37381746699560280262010-10-08T07:38:00.000-07:002010-10-08T08:09:45.660-07:00A nossa secreta natureza<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMaWHe80NPfV6D7Pv0-h7GZRik0ZwmYY2aEJZQZlKkKVz58Lk3VPSwI7ZGu1hnlkSfWBkDYGeqTWVuVWzHptrJjpDmmfT1jDgj7ntJ9iOic41bzMN6OeFwHfK7nWEMEitzWdpjFDkUkHw/s1600/mreal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMaWHe80NPfV6D7Pv0-h7GZRik0ZwmYY2aEJZQZlKkKVz58Lk3VPSwI7ZGu1hnlkSfWBkDYGeqTWVuVWzHptrJjpDmmfT1jDgj7ntJ9iOic41bzMN6OeFwHfK7nWEMEitzWdpjFDkUkHw/s1600/mreal.jpg" /></a></div><br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"></div><br />
<div style="text-align: center;"></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Miguel Real</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">D Quixote</span></div><br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Miguel Real é um dos excelentes escritores portugueses da atualidade. Injustamente, continua a não merecer a atenção que merecia e a sua simpatia exige. “As Memórias de Branca Dias”, “O Último Negreiro” ou “O Último Minuto na Vida de S.” são apenas alguns dos títulos deste professor de Filosofia a merecem uma leitura urgente.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Com uma imaginação e sentido de humor muito particulares, Miguel Real cria a história de um volume de memórias da rainha D. Amélia, a mesma que assistiu in loco à morte do marido e do filho no regicídio, roubado dos aposentos de Salazar no dia 25 de Abril.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">O livro só acaba por ser recuperado na distante cidade búlgara de Sófia pelo próprio Miguel Real, que em homenagem ao centenário da República o deve depositar na Torre do Tombo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Estas memórias secretas são só o leitmotiv para o autor fazer uma análise filosófica e psicologista de Portugal e dos portugueses. Depois do ensaio “A Morte de Portugal”, Real volta a fazer um diagnóstico cortante do país que o viu nascer.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-60016675525347064272010-10-08T06:17:00.000-07:002010-10-08T06:19:17.968-07:00Essa coisa do republicanismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1TzCQUUop0GCGPQ87ljVRdhZIQ9z6LLtY7tYkRGOsOT_DnyRxkcdwFmzAgOU686a9Xt6DQ0VOuTakQZ9P1CocwXIml4oUw2jb8r0ZD3iKuEIYHK4j835ZOE7jD_HLtzDO7Rv4FqhJ_UI/s1600/guilhotina.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1TzCQUUop0GCGPQ87ljVRdhZIQ9z6LLtY7tYkRGOsOT_DnyRxkcdwFmzAgOU686a9Xt6DQ0VOuTakQZ9P1CocwXIml4oUw2jb8r0ZD3iKuEIYHK4j835ZOE7jD_HLtzDO7Rv4FqhJ_UI/s320/guilhotina.jpg" width="320" /></a></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Hoje, no <a href="http://www.publico.pt/">Público</a>, Vasco Pulido Valente coloca o dedo na ferida ao falar de umas das várias baboseiras ditas e repetidas à náusea sobre a República o 5 de Outubro. A ler. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">"Não houve jornalista ou político da nossa pobre esquerda que não nos tenha vindo falar, a propósito do “5 de Outubro”, dessa misteriosa coisa a que por aí se chama “valores republicanos”. Confesso a minha perplexidade. A que raio de “valores” se referiam eles? (...) O Presidente da República inventou por sua conta os “valores republicanos” que na altura lhe serviam e que não existiram em Portugal, como, de resto, em sítio algum do Oriente ou do Ocidente: o espírito de compromisso, a cultura da responsabilidade, o horror à demagogia e, muito estranhamente, o primado da coesão nacional. E, no Parlamento, os deputados resolveram usar a I República portuguesa como um conto cautelar para uso da II, que se está manifestamente a dissolver. <b style="color: #e06666;">Não seria melhor calar daqui em diante a boca e, já agora, eliminar o feriado do “5 de Outubro”?</b></span><span style="color: black; font-size: small;">"</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-39816152599255023692010-10-08T02:38:00.000-07:002010-10-08T02:40:53.915-07:00E hoje, o que comemos?<div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Esta é uma semana para duas notas. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">A primeira tem de se centrar na eleição para a Federação Distrital do Porto. Por um lado há uma lista de recandidatura de Renato Sampaio, que tem a seu favor a muita experiência acumulada no cargo e como deputado da Assembleia da República. Contra este candidatura joga o facto de ser notória uma perda de força do distrito do Porto no discurso político, bem patente no cancelamento do IC35 e da requalificação da Linha do Douro. Registo ainda para a afirmação de que o PS de Sampaio pretende ganhar as câmaras de Paços de Ferreira, Paredes e Gondomar nas próximas autárquicas. Ao que parece, Renato sampaio considera mais simples ganhar dois bastiões do PSD, num dos quais (Paredes) o PS se mostra destroçado e pouco organizado, do que recuperar uma câmara que foi do PS por muitos anos (Penafiel) e em que os partidos de poder vão ter de apresentar um candidato novo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Este discurso que desafia qualquer lógica é sintomático desse afastamento da Federação para com o interior.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Do outro lado da barricada está José Luís carneiro, o presidente da Câmara Municipal de Baião. A seu favor tem a juventude (se é que se trata de um valor em si mesma), o conhecimento profundo do mundo autárquico como oposição e poder, bem como a vivência de um interior do distrito muito esquecido. Contra si o autarca tem a sua condição de quase ilhéu no distrito (desterrado em Baião), falta de apoio em estruturas concelhias determinantes, como o Porto e Matosinhos e ser visto como um ponta de lança de um candidato à sucessão de José Sócrates.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Seria de pensar que as dúvidas fossem tiradas pelas moções de estratégia. Por bizarria, li as duas. A de Renato Sampaio, mais extensa, foca atenções no que deverá ser o distrito dentro de 20 anos. Uma região voltada para a floresta, o mar e o turismo. Sampaio traça uma estratégia com vista a um perído de tempo em que já não será líder da distrital e centra pouco as suas atenções no “já” e no “agora”.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Por outro lado, josé Luís Carneiro optou por uma moção mais simples e voltada para a militãncia. Dois terços do documento falam das reformas organizacionais que pretende empreender. Só no final há breves luzes quanto ao presente e futuro do distrito.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Num momento de profundas dificuldades, em que as famílias contam tostões e as empresas vivem com a corda na garganta, os dois candidatos olham para o céu e sonham com amanhãs que cantam.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">A Federação Distrital do porto merece mais do que estes dois pré-fabricados ideológicos em forma de moção.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Quem tem salários cortados, perdeu o emprego, vai pagar os produtos mais caros ou verá cortado o rendimento mínimo (e no Porto serão muitos) não quer saber de fóruns para discutir a igualdadeentre os géneros ou o advento da biotecnologia. No Porto, em Portugal, as pessoas querem saber como sobreviver até ao fim do mês e sobre isso os candidatos dizem Nada. Nada sobre o IC35, Nada sobre a Linha do Douro, Nada sobre uma taxa de desemprego a aproximar-se dos 20%. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">No meu entender a vitória deverá sorrir a Renato Sampaio com uma vantagem significativa, contudo a vantagem não deverá ser suficiente para coprrer de vez com o autarca de Baião. Um resultado para José Luís Carneiro que se situe acima dos 35% garantir-lhe um futuro promissor no PS/Porto, menos do que isso e a sua carreira sofre um duro revés.(...)</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><i>in <a href="http://www.jornalforum.com/">Jornal Fórum</a> 7-10-2010</i></span> </div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-59513402814632144442010-09-30T03:13:00.000-07:002010-10-08T02:40:04.117-07:00Veni, vidi, vici<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQJokEpoaB_4XnbJyy779QDZIP-xxf66mwp7_617htOVlMYMqgZYjuM3-dsOliXGRMEfT4E7Ya7JHwzjyhDfuGSgghAVEAxQtAL2biXAVRB8j2pFqs_o6ZcclcothoNJRQHLrigImJLfU/s1600/sex-seminarista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQJokEpoaB_4XnbJyy779QDZIP-xxf66mwp7_617htOVlMYMqgZYjuM3-dsOliXGRMEfT4E7Ya7JHwzjyhDfuGSgghAVEAxQtAL2biXAVRB8j2pFqs_o6ZcclcothoNJRQHLrigImJLfU/s1600/sex-seminarista.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">O Seminarista</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Rubem Fonseca</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Sextante</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Rubem Fonseca tem tanto de genial e incontornável na literatura de língua portuguesa, como tem de ignorado por terras lusas.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Editado durante vários anos na extinta Campo das Letras (diga-se que sem grande investimento de divulgação e promoção), o criador do movimento brutalista conhece, aos 85 anos, a criação de uma coleção em nome próprio na Sextante. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">A inauguração desta empreitada literária fez-se com o seu mais recente romance, “O Seminarista”. Fonseca é um daqueles grandes escritores que encontrou no ambiente policial o seu habitat. Para isso em muito terá contribuido a sua experiência como delegado de polícia, uma vivência que acabou por contribuir para o rigor dos ambientes e ação dos seus romances.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Desengane-se quem pensar que estamos perante romances onde o único foco de interesse está em perceber se o assassino é o mordomo. Nada disso. Os romances de Rubem Fonseca são romances sobre a vida, sobre a natureza humana, sobre os mais profundos meandros da mente, sobre a sociologia de um país muito disfuncional e rasgado por um fosso económico.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Na maior parte dos seus romances somos levados a acompanhar um sedutor detective privado de nome Mandrake. Mandrake será uma espécie de primo do inspector Jaime Ramos, criado por Francisco José Viegas. Aliás os dois chegam a cruzar-se no romance de Viegas "Londe Manaus", num exercício de crossover típico da banda desenhada, mas pouco utilizado na literatura portuguesa. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Neste “O Seminarista” acompanhamos um assassino profissional, que reúne todos os fetiches do autor (o gosto pelas mulheres, por vinho português e por literatura clássica).</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">José Kibir, nome falso adotado pelo matador, baseado numa fixação na Batalha de Alcácer Quibir, vê-se envolvido numa complexa teia de perseguições e ajustes de contas no exato momento em que decide abandonar a sua ocupação.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Este não será, de todo, o melhor dos romances deste Prémio Camões (2003). Mas este é, sem margem para dúvidas, uma das melhores portas de entrada na obra do autor de “A Grande Arte” ou de “Diário de um Fescenino”.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Fonseca é responsável pela chamada para a literatura e nomes óbvios como os de Patrícia Melo, autora de "O Matador" ou "O Elogio da Mentira" e se estende até uma mais discutível Fernanda Young, autora de "Aritmética" e roteirista da série humorística "Os Normais". </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Rubem Fonseca merece uma maior visibilidade pelo que a criação desta coleção da Sextante é uma ótima notícia. Para fevereiro do próximo ano está agendada a edição de “Bufo & Spallanzani”. Isso e uma muito esperada visita a Portugal para participar nas "Correntes D'Escrita", o que a acontecer será um feito digno de nota, pois há décadas que Rubem Fonseca se tornou avesso a entrevistas e a fotografias.</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3rwQVuKf2FJXjmuf7wbehfb2a2m69J55pGXa4T3BakNSsCpqWqKziUQRNgQJCYrqrcrC9RT83Yya7JP8eLOydrKffk2yNn2sDhnvgcJOHwQb3MilvXR1nE6zEQpbmmEykT7TXqLCmCLQ/s1600/crimes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3rwQVuKf2FJXjmuf7wbehfb2a2m69J55pGXa4T3BakNSsCpqWqKziUQRNgQJCYrqrcrC9RT83Yya7JP8eLOydrKffk2yNn2sDhnvgcJOHwQb3MilvXR1nE6zEQpbmmEykT7TXqLCmCLQ/s1600/crimes.jpg" /></a></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Crimes</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Ferdinand Von Schirach</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">D Quixote</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Sem deixar o universo do crime, volto-me agora para o alemão Ferdinad Von Schirach e o seu “Crimes”.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Quem leu os “Crimes Exemplares” de Max Aub, tomou contacto com um universo de homícios frios e que banalizam a crueldade. Schirach mantém a mesma fasquia e constrói um conjunto de 11 contos que exploram o lado mais negro da humanidade. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Aub um ótimo escritor espanhol, de origem alemã e francesa, criou uma série de histórias a partir de um suposto contacto com homicidas em estabelecimentos prisionais. O que os "Crimes Exemplares" fazem é tornar compreensível o incompreensível. Como pode um barbeiro matar um cliente por causa de uma borbulha, como pode alguém matar um amigo por causa de umas horas de frio e chuva. Aub consegue explicar esses ímpetos e tornar mais perceptível a banalidade do assassínio.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Ferdinad Von Schirach, um advogado habituado à barra e a defender casos aparentemente indefensáveis, pega em crimes cruéis para lhes dar um sopro de piedade, um fundo de admissibilidade.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Estes são contos moralmente interessantes, já que, não raras vezes, somos desafiados a tomar o partido do homicida. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Um médico, que vive subjugado por uma mulher tenebrosa, um dia decide matá-la à machadada. Uma irmã que, por piedade, mata o irmão, marcado por um profundo traumatismo craniano. Um jovem pobre que faz um assalto e consegue inteligentemente fazer com que o tribunal o ilibe. São alguns dos exemplos dos desafios éticos e morais lançados por este “Crimes”. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Schirach </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Esta reunião de contos é uma execelente companhia já que une a boa escrita à inquietação intelectual.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-39125875130577131232010-09-16T05:00:00.000-07:002010-10-08T02:40:19.525-07:00Uma boa história chega?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVC1XUeTSyDLP6Ewm5lQ2V8qVNHZitnMlpA0hw8gfRp8as0xNP1rVKMIO1Zk0wmOlx3raOt-9-WMQmi5h_X1OnN5hoxnAhdxDv4bHp85GkAEZfaquB97QyGM7U1NMUiRyLLHyisQm-bDI/s1600/livro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVC1XUeTSyDLP6Ewm5lQ2V8qVNHZitnMlpA0hw8gfRp8as0xNP1rVKMIO1Zk0wmOlx3raOt-9-WMQmi5h_X1OnN5hoxnAhdxDv4bHp85GkAEZfaquB97QyGM7U1NMUiRyLLHyisQm-bDI/s320/livro.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">O Bom Inverno</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">João Tordo</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">D. Quixote</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Há um ano, <a href="http://joaotordo.blogs.sapo.pt/">João Tordo</a> deslocou-se a Penafiel para receber o prémio José Saramago das mãos do próprio.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Na cerimónia de entrega do prémio, saramago, um escritor que sempre se fez valer da escrita e das alegorias para reflectir etica e politicamente sobre a sociedade, advertiu o jovem autor para a necessidade de a literatura se constituir como algo mais do que uma boa história.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Eu discordo de José Saramago, raramente há boa literatura sem uma boa história. Infelizmente Portugal tem muita “literatura” sem história. A preocupação dos autores portugueses com a experimentação formal criou um fosso grande entre leitores e obras. A menorização dos escritores de histórias é um dos desportos mais praticados no meio intelectual nacional. A meu ver é um erro. O romance brasileiro vive hoje momentos muito mais felizes porque largou alguma da tralha formalista. Rubem Fonseca, um dos maiores e melhores escritores de língua portuguesa, é um desses excelentes escritores de histórias. Como ele, há dezenas de outros grandes talentos do outro lado do Atlântico. João Tordo insere-se nessa linhagem de escritores que querem construir uma boa história, que dê que pensar, que suscite reflexões, mas que não deixe de ser uma boa história.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">“O Bom Inverno” é um desses casos, sucedendo sem mácula a “Três Vidas” ou “Hotel Memória”. Tordo conta a história de um romancista português talhado à imagem e semelhança do “Dr House” (até na bengala) que depois de participar num encontro de escritores em Budapeste, se junta a um escritor italiano, à namorada deste e a uma agente literária portuguesa, para rumar à propriedade de um produtor cinematográfico americano, em Sabaudia, Itália.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">A partir daqui o romance torna-se num thriller envolvente e muito bem conseguido. Há crimes, há suspeitas e há pistas e ligações que surpreendem o leitor. Mas acima de tudo há a certeza de uma boa história, bem escrita e estruturada. O que é que se pode pedir mais de um livro. <a href="http://joaotordo.blogs.sapo.pt/">João Tordo</a> não quererá, certamente, ser a reencarnação de Joyce ou da portuguesa Maria Gabriela Llansol. João Tordo quer apenas escrever as suas histórias, fazer as suas catarses, enfrentar os seus fantasmas, ainda por cima consegue entregar umas boas horas de leitura envolvente. Se isto não é literatura, eu não sei o que é literatura.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIIGrvmlCa47c-dm0g1ct7gXWCyv6zwG1GR3meTzpafPLkar8LMRPAtwzRcNKxfzfiqeGevBF0aPTaOV1n3ahxL9YZH5lSsc36ymtC2T9Awn3fxZbL5bg3GhW_Uv-pKnjR-28E3qOjq8I/s1600/breteaston.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIIGrvmlCa47c-dm0g1ct7gXWCyv6zwG1GR3meTzpafPLkar8LMRPAtwzRcNKxfzfiqeGevBF0aPTaOV1n3ahxL9YZH5lSsc36ymtC2T9Awn3fxZbL5bg3GhW_Uv-pKnjR-28E3qOjq8I/s320/breteaston.JPG" /></a></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;"><br />
</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Menos que Zero</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Bret Easton Ellis</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: small;">Teorema</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Por fim, a sugestão de regresso a uma casa onde já fui muito feliz, a casa de Bret Easton Ellis. Nenhum filho da geração de 70 é um ser decente se não tiver lido “Menos que Zero” o romance de estreia deste escritor norte-americano. Reeditado a propósito do novo romace de Ellis, “Menos que zero” volta a acenar com todos os seus encantos intactos. Lá continua a estar a geração do “dolce far niente” regado a álcool, sexo e drogas. Uma geração que mais tarde verá a ascensão dos Yupies que protagonizam “O Psicopata Americano”, também de Bret Easton Ellis.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Chegados a 2010, o cronista destas gerações recupera os personagens de “menos que zero” e mostra como eles cresceram e anfretaram os anos, a isso chamou-lhe “Os Quartos Imperiais”.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-size: small;">Estes romances bem que podiam ser uma espécie de auto-retrato de Ellis, daí que valha a pena mergulhar nesta sincera polaroid de uma certa América.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-52655557696023407882010-09-14T07:49:00.000-07:002010-09-24T02:38:23.433-07:00D Quixote apresenta novidades de Outubro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFRdI954JusQgzngX2MBnoS3cLNGbwwSchV-oM4gqGNjq34EpVdJK1jRBQCt6s61NOTpSUS9DwWSs9M1j9Elk014JSIyU-O3kdwXXHBoVHD4FZ0ePy_H2k7DFY4itiOWyakLPwy8LM3Dk/s1600/books.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEgpxD0rt6LTYSUaq3_SIODtSTA3hTPfF3UApgjpQpmAcW4kTb7BKHBqPY-vwOFRjVDcU9Ou4oxP7sfMC1Z7d9o1zDqOIrZr6w2TKeU9m1zkmdzBsvWHDUkm5QHltXJrjI8yPQECTV7nM/s1600/books.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEgpxD0rt6LTYSUaq3_SIODtSTA3hTPfF3UApgjpQpmAcW4kTb7BKHBqPY-vwOFRjVDcU9Ou4oxP7sfMC1Z7d9o1zDqOIrZr6w2TKeU9m1zkmdzBsvWHDUkm5QHltXJrjI8yPQECTV7nM/s1600/books.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">António Lobo Antunes, Salman Rushdie e Thomas Mann, são alguns dos autores que marcam o mês de Agosto na <a href="http://www.dquixote.pt/">D. Quixote</a>.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Lobo Antunes apresenta um novo original intulado "Sôbolos Rios que Vão" acompanhado por uma guarda de luxo da literatura internacional.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Salman Rushdie é um dos nomes grandes de Outubro com o seu "Luka e o fogo da vida", um livro dedicado ao filho e que foi estrela na última bienal de Paraty, no Brasil.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">No campo dos clássicos destaque para a reedição do "Doutor Fausto" de Thomas Mann e de "Divórcio em Buda", de Sándor Márai, uma recente descoberta dos leitores portugueses.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Por fim, mais um Vargas Llosa, desta feita trata-se de "A Tia Júlia e o Escrevedor".</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Um mês de estalo na D. Quixote, depois de um Setembro recheado de Phillip Roth e José Eduardo Agualusa</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-70384247083829110142010-09-14T07:26:00.000-07:002010-09-16T05:01:25.299-07:00Rui Cardoso Martins vence Prémio APE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKWowf7MMoUMf2j16Jis-fkZoEBjU-RcCMxHlyEMkCJsV8DSxGEfcyMNALzz5aL3h2mCGBSiI7GpMFB7EzhQpRmSIw1EFSSF2Af2J8ZR4WLCmfyiWTuAe0GYW__Tt_CBENw_Q1AJ5hysk/s1600/Deixem+Passar+o+Homem+Invisivel+00.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKWowf7MMoUMf2j16Jis-fkZoEBjU-RcCMxHlyEMkCJsV8DSxGEfcyMNALzz5aL3h2mCGBSiI7GpMFB7EzhQpRmSIw1EFSSF2Af2J8ZR4WLCmfyiWTuAe0GYW__Tt_CBENw_Q1AJ5hysk/s320/Deixem+Passar+o+Homem+Invisivel+00.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">O romance <i><b>Deixem Passar o Homem Invisível</b></i>, de<b> Rui Cardoso Martins</b>, é o vencedor do <b>Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores</b> (APE). O júri, constituído por <b>José Correia Tavares</b>, <b>Eugénio Lisboa</b>, <b>Luís Mourão</b>, <b>Luísa Mellid-Franco</b>, <b>Pedro Mexia</b> e <b>Serafina Martins</b> deliberou, por maioria, a atribuição do galardão ao livro de Rui Cardoso Martins, um dos 83, recorde-se, que este ano concorreram ao Pr</span><span style="font-size: small;">émio.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>O Grande Prémio de Romance e Novela da APE</b>, atribuído desde 1982, já distinguiu 24 autores, de 16 editoras, havendo 4 que bisaram: <b>Vergílio Ferreira</b>, <b>António Lobo Antunes</b>, <b>Agustina Bessa-Luís</b> e <b>Maria Gabriela Llansol</b>. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b><i>Deixem Passar o Homem Invísivel</i></b>, editado pela <b>Dom Quixote</b> em <b>Junho de 2009</b>, conta-nos a história de um homem, cego desde os oito anos, advogado, que, durante uma grande enxurrada em Lisboa, cai numa caixa de esgoto aberta, situada junto da Igreja de São Sebastião da Pedreira. Na mesma altura, um escuteiro que regressava de uma actividade na mesma Igreja é também arrastado para o mesmo esgoto. </span><span style="font-size: small;">É a viagem de ambos, através de uma Lisboa subterrânea, enquanto cá fora são tomadas todas as medidas para os salvarem, que o autor nos conta. Mas é também a entreajuda e a cumplicidade entre o cego e criança que sobressaem neste romance.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"><b>Rui Cardoso Martins</b> nasceu em Portalegre em 1967. É escritor, jornalista e argumentista. Repórter internacional e cronista desde a fundação do jornal <i><b>Público</b></i> (dois prémios Gazeta de Jornalismo), fundador das <b>Produções Fictícias</b> (co-criador e autor de <i><b>Contra-Informação</b></i> e <i><b>Herman Enciclopédia</b></i>, entre outros programas). </span><span style="font-size: small;">No cinema, é autor do guião de <i><b>Zona J</b></i> e co-autor da longa metragem <i><b>Duas Mulheres</b></i>.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;">O seu primeiro romance, <b><i>E Se Eu Gostasse Muito de Morrer</i></b> (Dom Quixote 4ª Edição), foi publicado em Espanha e na Hungria. </span><span style="font-size: small;">Tem contos editados em diversas revistas letrárias (<i><b>Ficções</b></i>, <i><b>Egoísta</b></i>, <i><b>Magyar</b></i> e <i><b>Lettre Internationale</b></i>). </span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-60894620755780204802010-09-09T07:50:00.000-07:002010-09-09T07:51:07.398-07:00O premiado minotauro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjffaYYvwXJmVSw5Xd9RtoAj6uGN1blWUpVp2J0HHhuuDgKVMxUrBXrrJ2yoVu2gT9aRpTZntcvDbTKvqbpolSvxcBSit7pLaLWbHhARTCz7hZZNSp4lcfMzQCGdJWfLR9OxcIbhdeF6M0/s1600/romeo.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjffaYYvwXJmVSw5Xd9RtoAj6uGN1blWUpVp2J0HHhuuDgKVMxUrBXrrJ2yoVu2gT9aRpTZntcvDbTKvqbpolSvxcBSit7pLaLWbHhARTCz7hZZNSp4lcfMzQCGdJWfLR9OxcIbhdeF6M0/s320/romeo.gif" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"> Discothéque</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">Félix Romeo</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Minotauro</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Um dos grandes trabalhos dos sucessivos governos espanhóis é a aposta na divulgação da sua cultura. O trabalho desempenhado pelo Instituto Cervantes é determinante no posicionamento dos criadores espanhóis em todo o mundo. Daí que não seja de estranhar que o governo espanhol tenha decidido apoiar a edição de algumas das obras da novíssima chancela da Almedina, a Minotauro. Criada para divulgar a literatura espanhola contemporânea, a Minotauro diferencia-se também pela qualidade da sua proposta gráfica. O carácter inovador da coleção da Minotauro já lhe valeu um Silver Award dos Prémios Europeus de Design e um outro da mais antiga associação de profissionais de design, sedeada em Nova Iorque, o Aiga 50 Books/ 50 Covers Outstanding Books and Book Covers Designed in 2009.<br />
Os cerca de 10 títulos publicados até ao momento mostram a diversidade e pujança da literatura espanhola.<br />
Do muito político “O Pai da Branca de Neve” , de Belén Gopegui, a um mais terno “Bingo”, de Esther Tusquets, há propostas para todos os estilos e temas.<br />
Um dos títulos publicados mais recentemente é um perturbador “Discothéque”, de Félix Romeo.<br />
Trata-se de uma viagem ao mundo das franjas sociais ao volante de uma comédia negra.<br />
Tudo parte de um homem que recorda episódios trágicos de uma guerra travada pelo exército espanhol num abafado protetorado em Marrocos.<br />
Torosantos pai, é um homem profundamente marcado por essa excperiência tentando fazer a sua catarse numa mesa de jogo.<br />
Escusado será dizer que nela perde tudo, até mesmo a vida do seu filho, um artista, que acompanhado por Dalila Love, protagoniza shows de sexo ao vivo.<br />
A partir da apresentação desta dupla extravagante, a narrativa começa a ganhar velocidade e torna-se mais dominadora do leitor.<br />
Na garupa da mota de Romeo, vamos passando por personagens dos quais guardamos os traços mais grossos e extravagantes.<br />
Um comediante sem graça, um empresário do meio pornográfico ou a mulher que esteve prestes a ser uma estrala de cinema e acabou em gentente de pensão.<br />
Há neste romance muitos pontos de contacto com a realidade portuguesa, aliás Portugal é chamado à trama muitas vezes e de diversa forma. Todos os personagens extravagantes deste “Discothéque” bem que podiam viver por aqui, podiam ter estado na guerra na Guiné, podiam frequentar bares de alterne em Amarante e pensões manhosas nos Anjos ou no Conde Redondo.<br />
Este é um romance com tudo o que é necessário para se tornar muito nosso. Tal comonos apropriamos de derminadas bandas pop/rock estrangeiras porque trazem consigo uma certa melancolia muito nossa (Tindersticks ou The National), também este romance pode e deve por nós ser adoptado.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAcMR6v2IE0v1EjwaZ4A3sS_MUtlviDOm62fxZzqhCjxOoCSz3ewnlF38DD6L1GPUjy8J7i3N8XVbtthzucZqVefGITb86Zm0IozZ9Daloz0kGUmZ-ZnKVmxPJyDi2rlbedu5QUlvaAcw/s1600/cortazar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAcMR6v2IE0v1EjwaZ4A3sS_MUtlviDOm62fxZzqhCjxOoCSz3ewnlF38DD6L1GPUjy8J7i3N8XVbtthzucZqVefGITb86Zm0IozZ9Daloz0kGUmZ-ZnKVmxPJyDi2rlbedu5QUlvaAcw/s320/cortazar.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> Julio Cortázar</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">Papéis Inesperados</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">Cavalo de Ferro</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Termino com uma referência à edição dos textos inéditos do argentino Julio Cortázar, “Papéis Inesperados”, da Cavalo de Ferro.<br />
Este imponente volume revela poemas, crónicas, pequenas histórias ou memórias de amigos. “No amor qualquer monólogo se nega a si próprio, por razões paralelas a todo o diálogo é de alguma maneira um monólogo noutra dimensão do ser; no amor, falar é criar espelhos, entrar nesse jogo de facetas biliosas que devolvem imagnes vindas de um torvelhinho de cinzas e falenas”, é assim que arranca uma espécie de prefácio a um livro de Maurício Wacquez, mas também podia ser o retrato deste volume. Um enorme monólogo que se apresenta como jogo de espelhos, que se alimenta das cinzas de romances e que dá a conhecer pormenores da vida e da obra de um autor que bebeu em mestres como Edgar Allan Poe, também ele muito presente nos ambientes de Félix Romeo.<br />
Se ainda não conhece Cortázar, urge que procure “A volta ao dia em 80 mundos” ou então o fabuloso “Rayuela”.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-15737421415544187982010-08-30T04:45:00.000-07:002010-08-30T04:46:05.912-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinIoEa8S8JIcXFOmuOHrjGqHSQzpmIDEfv6at7TT14Iy2M6xUqmhrvAp2d-AUQmurD0bxRI8aFRskS3QGM-kkckzkRwjB5Y5reB6_4I32-orcaj4B-xZIgtMH7hv9yW1qjUhtXcOde8Iw/s1600/salvem.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinIoEa8S8JIcXFOmuOHrjGqHSQzpmIDEfv6at7TT14Iy2M6xUqmhrvAp2d-AUQmurD0bxRI8aFRskS3QGM-kkckzkRwjB5Y5reB6_4I32-orcaj4B-xZIgtMH7hv9yW1qjUhtXcOde8Iw/s320/salvem.jpg" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">"Morro Bem, Salvem a Pátria!"</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">José Jorge Letria</span></div><div style="text-align: center;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Oficina do Livro</span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></span></div><span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> </span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O centenário da República é uma daquelas oportunidades que as editoras, por norma, não desperdiçam. Poto isto, não faltam, nos escaparates, os mais diferentes títulos e géneros a explorar o filão republicano. Há ensaios, romances, biografias, para todos os gostos e tendências. Não é de admirar que um dos mais prolíficos autores de lingua portuguesa, José Jorge Letria, tenha aproveitado o embalo e posto cá fora uma especialíssima leitura da figura de Sidónio Pais.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Esta reconstituição da figura e dos últimos dias da vida de Sidónio, a quem Fernando Pessoa chamou “Presidente-Rei”, é uma versão revista e aumentada de um livro anteriormente editado pela Âmbar.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Neste livro, de leitura rápida, José Jorge Letria faz uma viagem pela vida e personalidade de Sidónio Pais muito impressiva, sem se deter em grandes detalhes ou reconstituições, que transmite o ar do tempo e os traços de caráter desta reencarnação do “desejado”.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Letria chama o leitor aos vários teatros onde se constrói o mito, onde nascem as conspirações e se concretiza o atentado.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">A narrativa, que não é linear, recorre a personagens conhecidos (Fernando Pessoa) e desconhecidos (o barbeiro) para traçar o ambiente social e psicológico do Portugal de 1918.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Saídos de uma I Grande Guerra onde perdemos mais de cinco mil soldados e da mortandade da gripe espanhola, Portugal é um país órfão. Sidónio é um homem cerebral, fã do estruturalismo alemão e de uma forma de estar embebida de princípios militares.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Este jovem diplomata, figura menor da vida política portuguesa, acaba por ser visto como a solução para ressuscitar o país.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">O povo que aclama Sidónio está muito longe das elites que urdem conspirações para afastar o jovem galã.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Conhecido pelo sucesso que tinha junto das mulheres, Sidónio vai manter-se fiel à sua formação militar e recusará voltar a cara à luta. De tal forma se mostra destemido que acaba por caminhar de peito aberto para as duas balas que lhe estavam reservadas na estação do Rossio.</span><br />
<span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">“Morro Bem, Salvem a Pátria”, editado pela Oficina do Livro é uma ótima aproximação a uma figura polémica, que, reza a história, terá inspirado Benito Mussolini e Oliveira Salazar.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-61627788633113658722010-08-30T04:42:00.000-07:002010-08-30T04:46:24.054-07:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXFLLkdC9zznb8EN1nUx_gYw_0l9Q81lF-4oMwVeUVlJ0x1afKnwezM68zfwUWBQ20uF2FIVJnEj2GlPxt51R6ou3bHnbAe8XsJnAdJTaq0DGySY7B50xT4cO5qOZYxSJEj8H8WRijzgo/s1600/subterra.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiXFLLkdC9zznb8EN1nUx_gYw_0l9Q81lF-4oMwVeUVlJ0x1afKnwezM68zfwUWBQ20uF2FIVJnEj2GlPxt51R6ou3bHnbAe8XsJnAdJTaq0DGySY7B50xT4cO5qOZYxSJEj8H8WRijzgo/s320/subterra.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">"Os Subterrâneos da Liberdade"</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">Jorge Amado</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: center;">D Quixote</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Durante muitos anos, literatura brasileira foi sinónimo de Jorge Amado. Capaz de conquistar leitores no meio intelectual, assim como chegar às grandes massas, Amado acabou por servir de tampão a muita outra grande literatura brasileira.<br />
As adaptações dos seus romances à telenovela, então em ascensão, fez dele o baluarte de uma certa literatura de cor local. <br />
Muitos portugueses acreditavam que o Brasil era só o Brasil baiano de Jorge Amado, o Brasil de Gabriela, de Dona Flor ou da quente Tieta do agreste.<br />
O facto é que a literatura brasileira é mais larga do que essa imagem quase caricatural, e a obra de Amado também é muit mais do que esses romances “anovelados”.<br />
Muitos acabaram por encontrar um outro Amado, um escritor mais político e interventor. A filiação à esquerda, nunca escondida, foi descoberta em obras como os “Capitães da Areia”. Mas essa obra emblemática fica muito longe dos três volumes que a D. Quixote, em boa hora, agora publica intitulados “Subterrâneos da Liberdade”.<br />
Caindo na tentação de dizer uma heresia, estes três livros são um equivalente ao “Tempo e o Vento” de Érico Veíssimo.<br />
Amado descreve a luta de um país contra a ditadura de Getúlio Vargas, como se instala um poder, que sendo velho, se intitula “Novo”. Este é um belo romance paraperceber como Portugal e Brasil são mais irmãos do que, por pura ignorância, imaginamos.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-33387766225147192192010-08-05T09:45:00.000-07:002010-08-05T09:46:47.097-07:00Infelizes à sua maneira<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTYC0KJj36jNWN1ms8fPgutDmsESjSHEHUhGlUss8ZM1Fk4lggS2CGd3CAtKwlsbPduZr6RMnT3FFVOlwzGdIYbUE-DGHFg0OUW48aO2JUj5Om81FkAKkAjmXMsElKOgV7Pbv6sXAYQTA/s1600/richar.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTYC0KJj36jNWN1ms8fPgutDmsESjSHEHUhGlUss8ZM1Fk4lggS2CGd3CAtKwlsbPduZr6RMnT3FFVOlwzGdIYbUE-DGHFg0OUW48aO2JUj5Om81FkAKkAjmXMsElKOgV7Pbv6sXAYQTA/s320/richar.gif" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <span style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; font-size: small;">Desfile de Primavera</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Richard Yates </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Quetzal</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Num tempo em que a crise parece ter tomado conta das nossas vidas, por que não olhar para a literatura pós-crise. Estou a falar da literatura de Richard Yates, o norte-americano que melhor retratou a América pós-crash bolsista de 1929.<br />
Depois de ter publicado “Jovens Corações em Lágrimas” e “Perto da Felicidade”, a Quetzal editou agora “O Desfile de primavera”.<br />
Voltamos ao cenário favorito de Yates, a América dos anos 30/40 e à vida de uma família de classe média-baixa, marcada por um divórcio.<br />
Duas irmãs, Sarah e Emily, concentram as atenções, desde os tempos de meninas, em que deambulavam de terra em terra com mãe, à morte do pai e ao descobrir do amor e da sexualidade.<br />
Yates conta, como poucos, a o dia a dia das vidas cinzentas e medíocres. “O Desfile de primavera”, á semelhança dos antecessores, traça o retrato nu da luta pela dignidade e ascensão social, mas também os sonhos desfeitos e a derrota, lenta e desgastante, imposta pelo quotidiano.<br />
Tolstoi, na abertura do Anna Karenina, dizia que “todas as famílias felizes são iguais. As infelizes são-no cada uma à sua maneira”. Yates parte deste pressuposto para desmontar essa ideia peregrina da vida normal. Sarah e Emily vão trilhar vidas normais marcadas pela anormalidade do alcoolismo, do casamento falhado, do desemprego e do sexo fortuito. <br />
Se o título do romance remete para a primavera, será justo dizer que o universo de Richard Yates é muito mais Outonal que primaverial. Este é uma das obras fundamentais de um autor que andou demasiado tempo longe da edição portuguesa.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-57282664673512557072010-08-05T09:32:00.000-07:002010-08-05T09:32:22.222-07:00Livros para ler com os pés no mar<div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"><span style="font-size: small;"></span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigIN5Q3pVOAg0SeuDJadEDiNI8FYtIrjMLS0sFGpeJusm3Jq1YytHP72tuJjn406QirRu-AdyTmCWG_sf9R2VrxvPApjjFzWbEr4uSX5upr_pGUK2ZMbPD9vDzg6uvKJXufB_XwuGgJv8/s1600/summer-reading-533.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigIN5Q3pVOAg0SeuDJadEDiNI8FYtIrjMLS0sFGpeJusm3Jq1YytHP72tuJjn406QirRu-AdyTmCWG_sf9R2VrxvPApjjFzWbEr4uSX5upr_pGUK2ZMbPD9vDzg6uvKJXufB_XwuGgJv8/s320/summer-reading-533.jpg" /></a></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Depois de um ano mergulhado no mais profundo sedentarismo nada sabe melhor do que ir para a praia, local propício à prática do desporto, e levar um livro ou vários. Assim sendo ficam algumas das sugestões de leitura para vários gostos e tendências.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Férias é sinónimo de viagem, daí que a coleção de literatura de viagens, da Tinta da China e coordenada pelo jornalista Carlos Vaz Marques, seja uma escolha mais do que acertada. Dos títulos já disponíveis destaco a chegada tardia às traduções portugueses de um grande escritor, </span><b><span style="font-size: small;">Brendan Behan e o seu “Nova Iorque”</span></b><span style="font-size: small;">. Este boémio, que viveu e escreveu mergulhado em litros de álcool, faz um retrato apaixonante da cidade que nunca dorme e que se pode sintetizar numa das suas frases emblemáticas: “Depois de ter estado em Nova Iorque qualquer pessoa que regresse a casa dar-se-á conta de que o seu lugar de origem é bastante escuro". Nesta mesma coleção saiu, recentemente, o único livro de não ficção de </span><b><span style="font-size: small;">Agatha Christie “Na Síria”</span></b><span style="font-size: small;">.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Saltando para o universo do romance, a primeira sugestão de fôlego vai para </span><b><span style="font-size: small;">“Por favor não matem a cotovia”, de Harper Lee</span></b><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;">.</span></span><span style="font-size: small;"> Este romance, que valeu à autora o Pulitzer, é a história de uma América marcada pelas divisões Norte/Sul, contada pelos olhos de uma menina que vai acompanhar o julgamento de um negro acusado ter supostamente violado uma rapariga branca. A comemorar os 50 anos da sua edição, este romance dá a conhecer uma América pós-grande depressão que encontra muitos pontos de contacto com os dias de hoje.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Outro romance de fôlego a merecer atenção, sobretudo para quem gosta de universos mais racionais, é </span><b><span style="font-size: small;">“O escriturário indiano”, de David Leavitt</span></b><span style="font-size: small;">. Também ele passado na primeira metade do século XX, este romance conta a história de um génio matemático indiano que resolve um problema quase impossível e é convidado a viajar até Inglaterra, onde se vai envolver em tramas de inveja e amor. Estando nós no verão, nada melhor do que ler sobre o verão, para o caso </span><b><span style="font-size: small;">“Três Verãos”, de Julia Glass</span></b><span style="font-size: small;">. Esta história sobre as venturas e desencontros da família escocesa McLeod valeu a Glass o National Book Award. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Para leitores mais avessos a grossos volumes, há sempre a possibilidade de aproveitar para ler o segundo romance de </span><b><span style="font-size: small;">Chico Buarque, “Benjamim”</span></b><span style="font-size: small;">. Reeditado pela D Quixote, este romance conta a história e obsessões de um ex-modelo fotográfico revelando um talento que se confirmaria em “Budapeste” e “Leite derramado”.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Fecho com um livro bom para ler no verão, o livro que inspirou a criadora da série “Sexo e a Cidade”, falo de </span><b><span style="font-size: small;">“O grupo”, de Mary MacCarthy</span></b><span style="font-size: small;">. Neste livro acompanhamos um grupo de várias jovens, em plenos anos 30 e numa das mais elitistas universidades americanas. O amor, o sexo, o trabalho, enfim o quotidiano destas oito mulheres é a matéria prima para um sem número de aventuras femininas. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">No campo da literatura histórica e fantástica a sugestão só poderia ir para um dos autores clássicos, </span><b><span style="font-size: small;">Marion Zimmer Bradley e “A espada de Avalon”</span></b><span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;">. Depois do sucesso de</span></span> <span style="font-weight: normal;"><span style="font-size: small;">“Brumas de Avalon”, este romance fecha o ciclo, contando o que se passou antes desse romance mítico e de que forma Mykantor tomou contacto com a famosa espada Excalibur. </span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Um dos livros mais incatalogáveis deste ano tem a chancela da Quetzal e chama-se </span><b><span style="font-size: small;">“O livro dos prazeres inúteis”, de Tom Hodgkinson e Dan Kieran</span></b><span style="font-size: small;">. </span><span style="font-style: normal;"><span style="font-size: small;">“O prazer inútil é também amigo do ambiente. Não há nada que seja menos prejudicial ao ambiente do que não fazer nada. Deitar-se no campo a olhar para o céu pode ser um ato curativo do planeta”, garantem os autores de uma pérola do bem viver. </span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-size: small;">Termino com a sugestão de um ensaio, chama-se </span></span><span style="font-style: normal;"><b><span style="font-size: small;">“Vergílio Ferreira – o excesso da arte num professor por defeito”, de Maria Almira Soares.</span></b></span><span style="font-style: normal;"><span style="font-size: small;"> Este ensaio, que pesa a importância da escola e da sua atividade como professor na obra e vice-versa, foi o vencedor do Prémio Literário Vergílio Ferreira. Perceber como o rigor do professor se ligava com a imaginação do escritor é um desafio que a autora conduz com muita inteligência. Um livro que sai no excato momento em que a obra o do escritor é reeditada e acaba de sair um romance inédito. </span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-style: normal;"><span style="font-size: small;">Estas são algumas das sugestões para umas tardes de verão bem passadas á beira-mar.</span></span></div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-11753053439866220912010-08-02T07:32:00.000-07:002010-08-05T09:30:56.355-07:00“Brasileiros vivem melhor mas não querem saber da cultura”<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD5s23IsKpJ93czWZKWqjpNwsitZnYTEz4JOwEKe7Q9-gKvHz-6dr9mxI_K8hTejdeXpHSX_ALa_2qRUNJ5zsikJ2DDZOpAnv0UHGjWkGNZxX_ZvrSQVEsggMKY0MiRyUXwzSXOkhdO0k/s1600/dapieve+Foto+Carol+Reis.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD5s23IsKpJ93czWZKWqjpNwsitZnYTEz4JOwEKe7Q9-gKvHz-6dr9mxI_K8hTejdeXpHSX_ALa_2qRUNJ5zsikJ2DDZOpAnv0UHGjWkGNZxX_ZvrSQVEsggMKY0MiRyUXwzSXOkhdO0k/s320/dapieve+Foto+Carol+Reis.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"> <span style="font-size: xx-small;">Foto Carol Reis</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">Fez a estreia, no romance, com o belíssimo “De cada amor tu herdarás só cinismo”, agora, Arthur Dapieve, acaba de editar, em Portugal, “Blackmusic”. Um dos mais respeitados críticos musicais brasileiros e colunista do Globo, Dapieve constrói o relato de um sequestro recorrendo a três estilos musicais negros, o Jazz, o rap e o funk carioca. Ao Marechal na Reserva falou do novo romance e de uma cidade partida entre pobres e ricos.<br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><b><i>Marechal na Reserva (MR) – Como é que surgiu a ideia de contar a história de um sequestro utilizando, para isso, o fraseado de três tipos de música negra?</i></b><br />
Arthur Dapieve (AD) – A ideia do sequestro surgiu no exacto local em que ele ocorre no romance, no dia de S. Judas Tadeu, no Rio, junto a uma igreja perto do local onde moro. Eu fiquei preso num engarrafamento e, com aquela confusão toda tipo bazar, eu pensei: “se acontecesse um sequestro aqui ninguém notaria”. Aí eu comecei a imaginar como seria esse sequestro. Regressei nos dois anos seguintes ao mesmo local, no dia da festa, para ver melhor o que eles faziam, o que comiam, portanto vários personagens foram ali observados. A ideia dos três registos nasceu no momento em que defini que o sequestrado seria um menino americano, negro, no Brasil. Esta seria uma forma de abordar, sem ser um romance de tese, a questão da raça no Brasil. O Brasil adora dizer que não tem problema com raça. Isso é uma mentira.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
<b><i>MR - Mas este esquema de romance como manta de depoimentos surge como?</i></b><br />
AD - A ideia desses três registos vem do “Som e a Fúria”, do Faulkner. O primeiro personagem que aparece no livro e que não tem qualquer importância, é só um garotinho com vontade de urinar, tem o nome do Faulkner, William Cuthbert F.. O “Som e a Fúria” é construído assim, através de vários depoimentos. Como sou jornalista e escrevo muito sobre música, tinha a ideia de construir mais um romance que usasse a música para falar do Rio de Janeiro e vice-versa. E por conta da faixa etária dos personagens, todos adolescentes, para os quais a música americana é muito forte. A primeira parte é a voz de um menino americano ligado ao jazz, na segunda o rap - que não é tão forte no Rio como é em S.Paulo - cantado por um branco para haver uma inversão, e a terceira parte uma mulata que gostasse de funk carioca.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
<b><i>MR – A forma como através da escrita constrói cada um dos depoimentos, segue a linha melódica de cada um dos estilos musicais. Foi propositada a harmonização da escrita com a melodia dos diferentes géneros? Por exemplo o rapaz que é raptado tem uma atitude muito cool, própria do som do Miles Davis e até a sua voz – na transição da adolescência – remete para o som do trompete.</i></b><br />
AD – Foi sim. É mesmo assim como você descreve. Para além disso o rapaz tem uma atitude muito cartesiana. Apesar de estar numa situação absurda, ele ainda suspeita que os terroristas muçulmanos, ele descreve a situação de uma forma muito calma. O grande desafio foi mesmo fazer o rap. Ele não podia ser muito grande para não ser entediante, nem curto de mais que se tornasse insignificante. A primeira versão que fiz era muito maior e fui cortando. Eu fiz todas as experiências. Experimentei lê-lo como um rap para ver se funcionava bem e se era verosímel. Quanto ao funk carioca, o género preferido da Jô, uma das suas características é falar de sexo desabridamente. Um dia uma amiga comprou um CD pirata e mostrou-me. Eu fiquei horrorizado com o que ouvi. É de uma grosseria. É uma mulher a cantar e é um jorro. Curiosamente esta parte foi a mais fácil de fazer. Eu pensei que escrever do ponto de vista de uma mulher pudesse ser mais complicado, mas foi a parte do livro que andou mais rápido.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
<b><i>MR - O desbragamento do funk carioca, acaba por ter reflexo em quem ouve, ou é uma emanação de uma determinada cultura de morro?</i> </b><br />
AD – Eu acho que é um círculo, mas para mim começa na vida. A condição de quem vive na favela é uma condição de alguma violência. A juntar a isso a falta de cômodos nas casas há muita promiscuidade. Os jovens começam a vida sexual muito cedo. Por isso eu acho que a raiz está aí. Quando o funk surgiu muita gente ficou escandalizada e dizia que isto não era música. Mas é música. Não é música que eu ouça em casa – até porque tenho crianças – mas é música. É o mesmo discurso igual ao que saudou o aparecimento do jazz, o aparecimento do rock. É uma cultura muito erotizada, em que as meninas ficam grávidas muito cedo. </div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
<b><i>MR – O Zuenir Ventura tem um livro que fala no Rio como uma “Cidade Partida”. O fosso entre ricos e pobres continua a crescer ou já se nota uma aproximação entre esses dois mundos?</i></b><br />
AD – É muito profunda. Nos últimos 16 anos, com a continuidade do governo Fernando Henrique Cardoso e Lula (aliás eles se detestam porque são muito parecidos), o país teve uma estabilidade económica e a crise não foi muito forte. Nesses anos a distância entre ricos e pobres diminuiu. Neste momento a classe média já é o segmento mais forte da sociedade, mas é uma classe média muito estreita. A classe média no Brasil é quem ganha entre 500 e 1500 euros, o que é muito pouco. Mas como o custo de vida não é alto, dá para as pessoas melhorarem a sua condição. Outro problema é que essa maior fluência económica não está a ser acompanhada por uma maior fluência cultural. Um dos pontos de estrangulamento económico do Brasil é a falta de qualificação da mão de obra. Há algumas empresas com vagas que não são preenchidas por falta de mão de obra qualificada. Não ficaria admirado se houvesse um novo surto de emigração, sobretudo oriundo de países da América Latina. Para quem como eu é jornalista e acompanha o panorama cultural, é muito triste ver tanta gente com dinheiro que não é capaz de comprar um livro. Aliás nem saberia sequer quem é Zuenir Ventura.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-35110186544264440262010-07-29T05:59:00.000-07:002010-07-29T05:59:29.908-07:00Livros que já deviam estar traduzidos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0OLVfiAUPj3ijTUO5dXsDc6GyH_yojS37Y07CiqYekUAaGYL7lI6zxNA3_dT8esXo4BEeCA5mPlYidSClC9GMrMeYvRNLaolvt6kDzKWNjXW3fb5qWqA7Xfum-x4fT6D8J1khnouUpso/s1600/mark.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0OLVfiAUPj3ijTUO5dXsDc6GyH_yojS37Y07CiqYekUAaGYL7lI6zxNA3_dT8esXo4BEeCA5mPlYidSClC9GMrMeYvRNLaolvt6kDzKWNjXW3fb5qWqA7Xfum-x4fT6D8J1khnouUpso/s320/mark.jpg" width="320" /></a></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-2474017532824700392010-07-29T03:00:00.000-07:002010-07-29T03:07:59.360-07:00"1910 uma antologia literária"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-MerpKBzin_0X7HeLJzu5fSlb4LNdkvwhyphenhyphenuKgkUyKHKgBrmUfXuOsofcCsRWpvJpRnDpx6KKd9tyzRzXl02X95UIiVHVVQ2lkz7p0zngCesmZc0W-cbhGPrYVywoq0X-HxgwTshUgyQs/s1600/livro1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-MerpKBzin_0X7HeLJzu5fSlb4LNdkvwhyphenhyphenuKgkUyKHKgBrmUfXuOsofcCsRWpvJpRnDpx6KKd9tyzRzXl02X95UIiVHVVQ2lkz7p0zngCesmZc0W-cbhGPrYVywoq0X-HxgwTshUgyQs/s320/livro1.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><div style="text-align: justify;"> 1910 uma antologia literária</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;"> Miguel Real, Teolinda Gersão, Mário Cláudio, Luísa Costa Gomes, Urbano Tavares Rodrigues e Mário de Carvalho</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; text-align: justify;"> D Quixote</div><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">As efemérides são oportunidades para a indústria editorial faturar. A cada comemoração lá aparece uma chuve de livros sobre o tema em questão. Com o aproximar dos 100 anos da República, não faltam títulos a celebrar a data. No meio de tanta oferta há que destacar uma iniciativa louvável da D Quixote. Portugal é um país que trata muito mal o conto, daí que um volume, ainda que pequenino, de contos é sempre de louvar. Se disser que os contos estão assinados por Mário Cláudio, Luísa Costa Gomes, Mário de Carvalho ou Urbano Tavares Rodrigues, não é preciso dizer mais nada sobre a garantia de qualidade.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">“1910 uma antologia literária” junta alguns dos nomes mais interessantes da literatura portuguesa e bem habituados a habitar o terreno do conto.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Cada um dos autores reinterpretou a revolução à luz dos temas e ambientes que mais trabalham nas suas obras e isso acaba por transformar este livro numa porta de entrada para as suas criações.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">No “Rosto de Portugal” de Miguel Real, encontramos um D. Manuel nos momentos que antecederam o embarque no navio D. Amélia rumo ao exílio. Este é um conto que nos coloca perante a necessidade do monarca em levar um sinal de que o regresso é possível, e apresenta um dos habitas preferidos de Miguel Real, o romance histórico.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Teolinda Gersão no conto “1910” recentra a revolução na questão da emancipação da mulher. Teolinda parte deste conto para questionar a possibilidade de novos caminhos de afirmação da mulher na sociedade e na política. Já Urbano tavares Rodrigues leva-nos para o terreno da paixão. Um homem apanhado pela implantação da República nos braços da amante parte para a frente de combate às tropas leias ao rei e encontra um novo amor.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Um homem que à medida que se encanta com a jovem esposa se vai desapontando com o regime, com a política e com o rumo da história.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">“1910 uma antologia literária” é uma ótima escolha para uma tarde de praia e para descobrir leituras futuras.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-16011910410786388302010-07-29T02:58:00.000-07:002010-07-29T03:10:09.166-07:00O escritor que não quer ser encontrado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAiOHeH0IlDkUo-gL6TC3MpXDomkVZ6GB6b8zLU3X1xk3sF332evW7pe12HL2anfFCDP7hvL_81CwfFvPLz3nUZuiXu5wg7YLoHfiosXN-1NYU7m7lQUe6D6m7-wNQTJMRvRp3dnkgFbg/s1600/lour.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAiOHeH0IlDkUo-gL6TC3MpXDomkVZ6GB6b8zLU3X1xk3sF332evW7pe12HL2anfFCDP7hvL_81CwfFvPLz3nUZuiXu5wg7YLoHfiosXN-1NYU7m7lQUe6D6m7-wNQTJMRvRp3dnkgFbg/s320/lour.gif" /></a></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;">É muito tímido e movimenta-se nos encontros de escritores como peixe fora de água. Lourenço Mutarelli, autor de “A arte de produzir efeito sem causa” (ed. Quetzal, 2010), é, há muito, reconhecido pelos seus álbuns de banda desenhada, bem como a autoria de peças de teatro e argumentos para cinema, como “O cheiro do ralo”, meios cada vez mais alternativos e de nicho. A explosão de ideias e criatividade de Mutarelli só sai pela caneta, seja em desenho ou em texto. Esta entrevista, feita em voz baixa e muito serena, cruza alguns dos temas mais queridos de Mutarelli, o vazio do quotidiano ou a angústia do fracasso. <br />
Este brasileiro de origem italiana, é um português irrepreensível.</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><br />
<b>Marechal na Reserva (MR) – A sua obra na banda desenha é pautada por atmosferas negras, depressivas, bastante duras. Este seu romance “A arte de produzir efeito sem causa” vai no mesmo sentido. Tem a certeza que, em vez de brasileiro, não é português?</b><br />
Lourenço Mutarelli (LM) – Não tenho a certeza. E não tenho a certeza porque Portugal me toca de uma forma muito profunda. Estava a conversar com algumas pessoas que fui a Beja e é um local onde eu tenho que voltar. Portugal toca-me de uma forma muito profunda. Eu sou descendente de italianos e a minha mulher até já lá foi, mas eu não tenho vontade nenhuma de conhecer a Itália. Eu não tenho autoestima, é muito beixa, e eu acho que os portugueses são assim. Vocês não percebem a grandeza de vocês e dessa terra. Eu tenho uma ligação com Portugal que eu não tenho com o Brasil.<br />
<br />
<b>MR – É um reconhecido autor de banda desenhada, é argumentista, já participou em filmes como ator, escrever romances, ou seja, é um homem do Renascimento. Ainda assim não acredita nas suas capacidades e valor....</b><br />
LM – Não, não, não acredito. Eu faço porque preciso, de alguma forma, de fazer. Eu preciso da experimentação. Quando as coisas saem há sempre um constrangimento, porque eu sei que vão julgar e não foi para isso que as fiz. Eu faço para mim. Eu não me considero um caso de fama e também não é isso que eu busco. Eu não busco nada. Eu só tento não ser encontrado. Sou o contrário da busca. <br />
<br />
<b>MR - Esse acaba por ser o retrato do protagonista deste romance.</b><br />
LM – É. Quando terminei o livro eu pensei que esse personagem não tinha nada que ver comigo. Mas pensando bem ele tem tudo que ver comigo. Ele rabisca papéis como eu, ele se chama júnir como eu, só não tive , felizmente, que voltar a viver em casa dos pais. Para mim essa seria a maior da derrotas, voltar para casa dos pais. Fracassar totalmente é algo comum no Brasil e infelizmente as pessoas acabam por ter de voltar para casa dos pais, já com mulher e filhos, em situações muito difíceis. Nisso eu triunfei. Aí eu tenho um certo orgulho – se calhar por causa da minha mulher e do meu filho não o fizesse – mas eu talvez preferisse ir viver para a rua a voltar para casa dos meus pais.<br />
<br />
<b>MR – Este romance vive na linha que separa a pobreza de uma vida remediada. Este é um romance sobre pessoas que tanto podem estar com uma vida equilibrada, como de repente caem para a pobreza.</b><br />
LM – Isso tem muito a ver com a minha vida. Eu venho de uma família da classe média baixa, mas que vivia sempre com a ameaça de afundar. O meu pai era viciado em corrida de cavalos. Nós vivíamos sempre com essa ameaça de perder tudo. Embora ele tivesse hipótese de garantir uma vida equilibrada, tudo era desperdiçado. Havia uma ameça muito grande de ir lá para baixo. Eu vivia numa rua em que de um lado estava a favela e mais acima estavam as mansões, logo acabava por ter amigos dos dois lados. Já aí eu não me enquadrava. Para uns eu era uma favelado e para os outros eu era um filhinho de papai, um burguês. Quando eu casei para o bairro mais pobre da zona leste de S. Paulo. Vivia na periferia, quase numa favela. S. Paulo não tem favela propriamente dita, vai atirando as pessoas para a periferia. Eu não tenho ideário de classe alta, mas por outro lado tenho a sede de ter acesso a livros e a discos, a coisas que me alimentem a alma. Tudo o que eu conquisto, geralmente, é para isso, eu reverto para isso.<br />
<br />
<b>MR – O Lourenço parece-me como o escritor dos sem-voz. O escritor daqueles que não vivem nos romances assentes na cor local e no folclore, nem nos romances que abordam uma espécie de “glamour” da pobreza, da excitação da favela. Os seus personagens enchem as grandes cidades mas não costumam produzir literatura.</b><br />
LM – É do que eu estou impregnado. Eu sinto muita falta de raízes. S. Paulo é uma cidade hostil com quem é de lá. Eu não tenho esse universo de Jorge Amado, para mim isso são coisas míticas. A minha realidade é essa coisa pequena e dura que é o lugar onde você constrói o seu mundo, numa metrópole que te vai esmagando cada vez mais. Na literatura brasileira há uma coisa que me aborrece: há pessoas que escrevem com verdade e há aquelas que escrevem porque funciona. Há pessoas que vestem uma roupagem em que eu não reconheço autenticidade e verdade. Eu procuro, no meu trabalho, falar de coisas que eu conheço, interna ou esternamente.<br />
<br />
<b>MR – O Brasil já tem uma literatura “favela-chic”</b><br />
LM – Eu sou amigo do Ferréz, que é um cara do Capão Redondo (uma favela muito violenta no Rio de Janeiro) e escreveu o livro “Capão Pecado” (ed, Palavra, 2005). Foi um livro que estourou, com muito sucesso mesmo, logo a seguir ao do Paulo Lins, o “Cidade de Deus” (ed. Caminho, 2003), mas que acabou ficando preso do tema. Ele hoje só pode falar de favela. Eu já li textos dele muito bons que fogem disso, mas ele não consegue libertar-se desse registo por questões editoriais.<br />
<br />
<b>MR – Os últimos anos da presidência de Fernando Henrique Cardoso e dos dois mandatos de Lula permitiram um crescimento da classe média brasileira. Até que ponto o Brasil tem condições para responder aos anseios dessa classe média?</b><br />
LM – Infelizmente, os anseios da classe média passam só pelo consumo. Eu acho que eles conseguiram foi graças a um preço muito alto. Eles conseguiram isso com base em cartões de crédito, em financiamentos bancários com prestações que eles não estão a conseguir pagar. Esse consumo é ligado à aparência. É tudo para mostrar ao outro que estão bem. O básico eles não conseguiram. As escola públicas são terríveis, os planos de saúde são caríssimos, etc. Esta meta da aparência é muito vazia. O brasil é isso. O Brasil é um presidente que diz que nunca leu um livro e com um certo orgulho. No essencial o que eles querem é o que é mais fácil, mais divertido e que impressione mais o próximo.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-27047994729809112132010-07-08T04:24:00.001-07:002010-07-29T03:11:03.878-07:00O cancro permitiu-me pensar sobre a vida<div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9RTfPWtwX9S_chNrxRmbTIuFc_6FLWvK_HDFfz3WKpSy5i-GLRWYQ-pocJjdC-1L8lXO9jddJJdoHHl-7g91vac9V_-zBBr_UZxM-Toz3UjbanPqJFGmQje5YNIqqRSq-Ct_cbPe-XIc/s1600/Mariela+Michelena-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9RTfPWtwX9S_chNrxRmbTIuFc_6FLWvK_HDFfz3WKpSy5i-GLRWYQ-pocJjdC-1L8lXO9jddJJdoHHl-7g91vac9V_-zBBr_UZxM-Toz3UjbanPqJFGmQje5YNIqqRSq-Ct_cbPe-XIc/s320/Mariela+Michelena-2.jpg" /></a></div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Mariela Michelena é psicalista e há uns anos atrás viu-lhe ser diagnosticado um cancro da mama. Ao longo de mais de um ano, esta espanhola de raízes venezuelanas encheu sucessivos cadernos com o relato dos dias contados. A raiva, a dor, o sofrimento estão lá todos e sem o manto delico-doce e positivo dos livros de autoajuda. Há que sofrer para a entender, bem que podia ser o lema deste relato que não deixa o leitor indiferente. Ao ler os detalhes da via sacra desta doença ficamos com uma ínfima ideia do sofrimento que ela encerra.</span></div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">“À noite sonhei que tinha peito” é um diário verídico que não fala só de uma doença, fala da vida inteira. Pensar que este livro é só sobre cancro, é a mesma coisa que pensar que o cancro é só uma doença. E não é. </span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">Marechal na Reserva (MR) - Este livro/diário tem uma carga de exposição pessoal muito grande e forte. Que força foi essa que a levou a escrever desta maneira sobre o cancro da mama de que sofreu?</span></b></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Mariela Michelena (MM) – Eu crei que quando nos confrontamos com uma doença como esta, com um cancro, um cancro da mama tão agressivo, ficamos com a sensação – tal qual as pessoas que sofrem um acidente - de que toda a nossa vida passa diante dos olhos. Eu tive a sensação que a minha vida, a minha infância, as minhas relações familiares passaram diante dos meus olhos em camara lenta. Não foi rápido como um acidente, porque vivi uma doença que exigiu um período de recuperação longo. Como tal pude voltar a todas essas vivências e reecontrar-me com elas.</span></div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Efetivamente, o livro é muito intenso, até porque a doença, a recuperação e os tratamentos são intensos. Além do mais, eu sou muito intensa. O livro não podia ser de outra maneira.</span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – A sensação que tive, ao ler este livro, foi de que fala muito mais da vida, em toda a sua extensão, do que propriamente do cancro da mama. Este é um livro sobre a essência da vida?</span></b></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">MM – Sim. Na verdade agrada-me que tenha feito essa leitura do livro, porque às vezes fico desapontada com o facto que o leiam apenas como um diário sobre o cancro. A mim parece-me que se trata de um livro que vai para além do simples diário de um cancro. Parece-me que é um testemunho de uma vida feliz, de uma vida feita de uma infãncia recheada, de um futuro (comigo ou sem mim) e um presente importantes. A mim, parece-me que o livro vai mais longe do que a simples narração dos diagnósticos, da operação, da quimio, etc... O cancro deu-me a possibilidade de poder pensar sobre a minha vida, que é só uma vida mais.</span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Quando recebi o livro temi que se tratasse de uma espécie de livro de autoajuda. Um mantra positivo para lidar com a doença. Este livro é o oposto desse conceito de autoajuda.</span></b></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">MM – Quando me diziam para pensar positivo, que não ia ser nada, eu sentia-me muito perdida. Sentia-me assim porque, efetivamente, se passava alguma coisa comigo. Estava a pensar algo muito duro, muito violento e muito feio. A minha atitude foi a exatamente oposta, foi a de enfrentar o que se estava a passar de uma forma nua e crua. Eu não fiquei deprimida durante, não fiquei deprimida depois, graças ao facto de ter vivido tudo tal qual me chegava. Não andei a olhar para as coisas através de um cristal positivo. Olhei para tudo o que me aconteceu de uma forma crua, até porque o cancro é uma coisa muito feia. Nunca o consegui entender e fiquei sempre com aquela sensação de, se acontece a uma em cada dez mulheres, porquê a mim? Podia ter tocado a outra. Fiquei com uma raiva enorme. E se há alguma coisa que retiro de positivo, deste diário, é o facto de encontrar gente que o lê e se revê naquela forma de encarar as coisas. Gente que, pela primeira vez, se diz compreendida. Gente que o dá a ler à família, para que estes entendam o que está a passar. Eu creio que não há uma só forma de viver as coisas. Eu ergo a bandeira daqueles que choram quando têm de chorar e que sofrem quando têm de sofrer.</span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Este diário fez-me lembrar um espetáculo, “Os Produtores”, que fala de um musical que era tão, tão mau, tão mau, que acabava por ser bom. Este relato coloca as coisas de uma forma tão dura, tão dura, tão dura que acaba por ser boa e positiva.</span></b></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">MM – Acredito que quando fazemos uma coisa a devemos fazer bem Eu entreguei-me por completo à doença. Assim, depois dessa entrega, depois de toda a raiva, tenho agora a possibilidade de me rir também dela.</span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Este diário é verídico, mas está escrito de uma forma tão literária que parece ficcionado. Ou seja, é um diário tão literário que custa a crer que seja real.</span></b></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">MM – Isso alegra-me, mas posso assegurar-te que é tudo real e está documentado nos cadernos que fui guardando ao longo da recuperação. Algumas das páginas que escrevi, nesses cadernos, t~em as marcas das lágrimas que me iam caindo. Para mim é um elogio que possas ter pensado que se tratava de uma ficção. Se há algo que não está neste livro foi porque entendi que faziam parte da minha intimidade e da intimidade que partilho com o meu marido. Tudo o resto foi escrito como está.</span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-size: small;"> </span><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="margin: 0pt;"><br />
</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6946924916172265195.post-4754073790658524472010-07-02T04:51:00.000-07:002010-07-29T03:11:54.463-07:00Portugal tem muitos traços rocambolescos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzZdUPe9pad9L5VeC89CcNkgVFWnHJadPISr3_Wp3YLqHAATirhlgGxG_6ZxSaytL9tpCqkiPwuvjEFSLHz_oGrJnkggM5QBupRN6m47dmyJ8Nh3_UGQTeAjQvKeoFLe7sYvtflJdQ3fo/s1600/Jo%C3%A3o+Ferreira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzZdUPe9pad9L5VeC89CcNkgVFWnHJadPISr3_Wp3YLqHAATirhlgGxG_6ZxSaytL9tpCqkiPwuvjEFSLHz_oGrJnkggM5QBupRN6m47dmyJ8Nh3_UGQTeAjQvKeoFLe7sYvtflJdQ3fo/s320/Jo%C3%A3o+Ferreira.jpg" /></a></div><div style="margin: 0pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman';"><span style="font-size: small;"><br />
</span></span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">João Ferreira, editor da revista NS (parte integrante do Jornal de Notícias e Diário de Notícias), já nos tinha plantado um sorriso com o livro “Frases que Fizeram a História de Portugal”. O volume reunia frases como a famosa declaração do Almirante Américo Tomás, “é a primeira vez que estou cá desde a última vez que cá estive”. Agora a proposta vai para um conjunto de histórias, que apelidou de rocambolescas, e que servem para entender momentos que marcaram a nossa História. Do processo dos Távoras, passando pela inexistência da Escola de Sagres e terminando num governo que durou cinco minutos, há de tudo como na farmácia. Ao Fórum, João Ferreira falou desta peripécia chamada Portugal e impossibilidade de procurar, nestes episódios, receitas para o atual estado de saúde pátrio. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">Marechal na Reserva (MR) – Como é que surgiu a ideia desta antologia de histórias inusitadas da História de Portugal?</span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">João Ferreira (JF) – Partiu de um convite da editora Esfera dos Livros na sequência da boa aceitação de um outro livro, “Frases que Fizeram a História de Portugal”, escrito a meias com o Ferreira Fernandes. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Em Portugal, durante muitos anos, o tratamento da história sempre foi visto de uma forma muito académica, muito científica. Nos últimos anos, começamos a ter livros que trabalham a história de uma forma mais acessível ao grande público, mais jornalística.</span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">JF – Felizmente, hoje em dia, temos uma forma muito diferente de entender a leitura da história. Essa mudança já tinha começado com um grande divulgador da História de Portugal que é o professor José Hermano saraiva. Os livros dele já faziam, há mais de 25 anos, uma abordagem à História muito mais acessível. O que aconteceu foi que ele pregou no deserto durante muitos anos. Os olhos só se voltram para a História após a publicação da monumental História de Portugal do professor José Mattoso, muito embora tenha sido escrita por grandes especialistas. A verdade é que a divulgação da História tem ganho terreno nos últimos anos, muito mercê do interesse das pessoas por histórias que constam da História, mas de uma forma menos académica. O ensino acabou por tirar as pessoas da História, tirou os rostos, as caras da História. Hoje, as pessoas querem ler esses episódios históricos com os rostos de quem os viveu.Durante muito tempo era quase um pecado falar-se nos heróis da História, nos reis. Tudo isso, nos últimos tempos, tem estado a alterar-se.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Ao escrever estas histórias rocambolescas, teve a preocupação de cruzar o rigor científico com uma forma mais viva e atrativa de contar os episódios? </span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">JF – Exatamente. Eu sou jornalista e a minha função é comunicar. Quando aplico isso à História o que faço é, depois de investigar os episódios e momentos que entendo como interessantes, na extensa bibliografia que já vai existindo, apresento-as de uma forma acessível e direta, de forma a prender as pessoas à leitura. Não há aqui qualquer intenção de atingir o escalão A, B, C ou D. Eu quis chegar a toda a gente e que as pessoas pudessem apreciar a História de Portugal. Eu quis fazer um livro de divulgação.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Tem crescido muito o interesse pelo romance histórico e pelos livros de divulgação histórica, acha que isso se deve ao facto de vivermos momentos de grande incerteza quanto ao Presente e ao Futuro?</span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">JF – Este é um fenómeno que chegou já tardiamente ao nosso país. Por exemplo a biografia é um género literário que tem grande aceitação no Reino Unido, há muito tempo. Quando vemos as tabelas dos mais vendidos percebemos que a não ficção e a biografia são géneros muito respeitados. Em Portugal chegou tarde, mas chegou. No caso do romance histórico tivemos um alargamento. Há muito que temos grandes cultores do género, como o Alexandre Herculano.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Não entende então que seja reflexo de um processo de auto-conhecimento?</span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">JF – Não tenho certezas quanto a isso, mas não me custa nada a crer que as pessoas, perante uma situação, como bem descreve, de incerteza, procurem na históriua algumas respostas. Nós hoje somos aquilo que os nossos antepassados fizeram. Agora não podemos ir ao passado procurar receitas, temos de ser nós a produzir essas receitas.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><b><span style="font-size: small;">MR – Olhando esta profusão de histórias que cruzam todas as épocas, fica a ideia de que somos um país bastante rocambolesco.</span></b></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
</div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">JF – Temos muitos traços rocambolescos. Eu procurei explicar na introdução o que se entende por rocambolesco e fiz a analogia com o personagem Rocambole, criado pelo escritor francês Pierre Ponson du Terrail, que contava histórias incríveis e fantásticas e que deu origem à palavra rocambolesco em quase todas as línguas.</span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><span style="font-size: small;">Nós, em Portugal, temos um passado feitos de histórias dessas a começar pela “Peregrinação”, do Fernão Mendes Pinto. Aliás as pessoas não acreditam naquele relato e ele dizia que não tinha contado nem metade do que tinha visto. A nossa história tem de tudo, desde momentos de grande altruísmo e solidariedade de grandes e pequenos, até momentos de grande crueldade. De facto nos últimos anos tivemos alguns episódios bastante rocambolescos, desde logo a começar pela história do governo dos cinco minutos, durante a I República. Ou então, já mais perto de nós, a história do governo de Pinheiro de Azevedo que fez greve, em 1975. </span></div><div style="font-family: "Trebuchet MS",sans-serif; margin: 0pt;"><br />
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