sexta-feira, 8 de outubro de 2010

E hoje, o que comemos?

Esta é uma semana para duas notas.
A primeira tem de se centrar na eleição para a Federação Distrital do Porto. Por um lado há uma lista de recandidatura de Renato Sampaio, que tem a seu favor a muita experiência acumulada no cargo e como deputado da Assembleia da República. Contra este candidatura joga o facto de ser notória uma perda de força do distrito do Porto no discurso político, bem patente no cancelamento do IC35 e da requalificação da Linha do Douro. Registo ainda para a afirmação de que o PS de Sampaio pretende ganhar as câmaras de Paços de Ferreira, Paredes e Gondomar nas próximas autárquicas. Ao que parece, Renato sampaio considera mais simples ganhar dois bastiões do PSD, num dos quais (Paredes) o PS se mostra destroçado e pouco organizado, do que recuperar uma câmara que foi do PS por muitos anos (Penafiel) e em que os partidos de poder vão ter de apresentar um candidato novo.
Este discurso que desafia qualquer lógica é sintomático desse afastamento da Federação para com o interior.
Do outro lado da barricada está José Luís carneiro, o presidente da Câmara Municipal de Baião. A seu favor tem a juventude (se é que se trata de um valor em si mesma), o conhecimento profundo do mundo autárquico como oposição e poder, bem como a vivência de um interior do distrito muito esquecido. Contra si o autarca tem a sua condição de quase ilhéu no distrito (desterrado em Baião), falta de apoio em estruturas concelhias determinantes, como o Porto e Matosinhos e ser visto como um ponta de lança de um candidato à sucessão de José Sócrates.
Seria de pensar que as dúvidas fossem tiradas pelas moções de estratégia. Por bizarria, li as duas. A de Renato Sampaio, mais extensa, foca atenções no que deverá ser o distrito dentro de 20 anos. Uma região voltada para a floresta, o mar e o turismo. Sampaio traça uma estratégia com vista a um perído de tempo em que já não será líder da distrital e centra pouco as suas atenções no “já” e no “agora”.
Por outro lado, josé Luís Carneiro optou por uma moção mais simples e voltada para a militãncia. Dois terços do documento falam das reformas organizacionais que pretende empreender. Só no final há breves luzes quanto ao presente e futuro do distrito.
Num momento de profundas dificuldades, em que as famílias contam tostões e as empresas vivem com a corda na garganta, os dois candidatos olham para o céu e sonham com amanhãs que cantam.
A Federação Distrital do porto merece mais do que estes dois pré-fabricados ideológicos em forma de moção.
Quem tem salários cortados, perdeu o emprego, vai pagar os produtos mais caros ou verá cortado o rendimento mínimo (e no Porto serão muitos) não quer saber de fóruns para discutir a igualdadeentre os géneros ou o advento da biotecnologia. No Porto, em Portugal, as pessoas querem saber como sobreviver até ao fim do mês e sobre isso os candidatos dizem Nada. Nada sobre o IC35, Nada sobre a Linha do Douro, Nada sobre uma taxa de desemprego a aproximar-se dos 20%.
No meu entender a vitória deverá sorrir a Renato Sampaio com uma vantagem significativa, contudo a vantagem não deverá ser suficiente para coprrer de vez com o autarca de Baião. Um resultado para José Luís Carneiro que se situe acima dos 35% garantir-lhe um futuro promissor no PS/Porto, menos do que isso e a sua carreira sofre um duro revés.(...)

in Jornal Fórum 7-10-2010

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